Atualmente vemos uma popularização da prática sobrevivencialista e principalmente a do Bushcraft no nosso Brasil, temos muita gente nova chegando no nosso meio com muitas dúvidas e sede de conhecimento.
Parte desse crescimento se deve aos programas de sobrevivência que encontramos na televisão, que incita um ambiente cheio de aventuras e desafios sem precedentes para qualquer um que goste de adrenalina e também da natureza.

Bear Grylls, do programa “A prova de tudo”
Temos hoje uma variedade de programas com personagens já bastante famosos como: Bear Grylls, Les Stroud, Dave Canterbury e outros expoentes da prática em áreas selvagens.
Como nem tudo são flores, um fenômeno complicado vêm acontecendo não apenas na nossa realidade como no mundo todo, que é a propensão a fantasiar demais. A certo tempo vi uma reportagem que me levou a pensar seriamente sobre toda a questão.
Nesta reportagem, li sobre um indivíduo que inspirou-se nos programas de sobrevivência de Bear Grylls. Fez alguns cursos básicos e saiu com seu equipamento em pleno inverno da Escócia para sobreviver um ano como “esse cara da TV”… Resultado? Foi encontrado morto por hipotermia em uma pequena cabana abandonada em menos de um mês.

Cabana onde o corpo foi encontrado
Este é um caso extremo onde movido pela fantasia de “viver feliz no mato” o rapaz acabou perdendo sua vida… esqueceu-se de que aquilo ainda era um programa de TV. Devemos lembrar que por ser algo feito para entretenimento o programa tende a ter cenas simuladas e montadas, onde o protagonista tem à mão todos recursos e tem o apoio de toda a equipe de filmagem e produção do programa (mostro alguns trechos que comprovam isto no vídeo acima, logo não entrarei nestes detalhes óbvios).
Mas apesar de tudo, o acontecimento reflete aspectos que nós temos de tomar muito cuidado. Vejo muitos comentários feitos em vídeos, blogs e fóruns cheios de um teor bastante fantasioso acerca do que é realmente um cenário de sobrevivência. Compreendo que nossa prática abrange desde pessoas acima de sessenta anos até garotos de onze, mas me preocupa ver que temos indivíduos agindo como se tivessem um domínio imenso de qualquer cenário possível que a natureza pode formular contra ele.
Como alguém que de certa forma “dissemina” idéias sobre a prática, pensei muito sobre isso e acho que é justo advertir as pessoas sobre essa simples questão: Cuidado com presunções fantasiosas. Antes de planejar um acampamento ou uma trilha, pense de forma realista nos perigos que você pode enfrentar e quais habilidades vai precisar.
Se você ainda não possui experiência alguma em local selvagem, vá com calma, vá conhecendo aos poucos os seus limites e coloque em teste suas habilidades… tudo com paciência e cuidado.
Não estrague sua vida devido à uma atitude inconsequente e inocente no meio da selva. O cenário selvagem não é confortável, não é amigável e não vai facilitar as coisas para você como se estivesse em um programa de TV, seja realista.
Não fiz este post com o intuito de ofender nem o fiz como resposta a algum acontecimento específico, mas sim como uma forma de “desabafo” de situações que vêm me preocupando. Obviamente estou aberto à críticas e sugestões sobre esta polêmica, sintam-se à vontade para manifestarem-se como considerarem adequado.
Até.
Por Julio Lobo (Sobrevivencialismo)
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